A desconstrução da verdade (III)
J. J. Duran
Ao mesmo tempo em que se constata a existência de um Brasil quebrado economicamente e com uma sociedade dividida por teorias zoológicas de reinstauração do poder único e autoritário, se observa uma grande carência de respeito pela verdade e, sobretudo, do que realmente é priorizar o social.
Com uma política pouco efetiva, o Ministério da Economia tem se mostrado incapaz de enfrentar e solucionar problemas graves que estão fragilizando cada dia mais o maior patrimônio da República, que é a sua classe trabalhadora.
A cada dia a situação se agrava mais, sem que as elites do feudalismo e do evangelismo restaurador se juntem às dispersas forças de oposição para trabalhar juntas, todas, com vistas a encontrar o denominador comum capaz de tirar o País do imobilismo econômico e do radicalismo ideológico contraditório.
Como se não bastasse o universo recorde de 14 milhões de trabalhadores desempregados, o salário tem se convertido cada dia mais em mensageiro esquelético de um cenário onde muitos já não conseguem mais comer e honrar compromissos impostergáveis. Além disso, a inflação está de volta com toda sua avidez, destruindo os projetos desenvolvimentistas e carcomendo o cerne social.
O debate recente em nada tem contribuído para devolver ao País a pacificação perdida na relação povo-Estado. Ao contrário, tem colocado um fosso cada vez mais profundo entre as classes sociais, econômicas e culturais, que já não se mostram capazes como outrora para debater o presente e o futuro em bases lógicas e com respeito às diferenças de opinião.
Que o ódio se retraia e as ambições se refreiem para que possamos ter a mente serena e o pensamento lúcido. Que os discursos autoritários de situação e oposição deem passagem a mensagens construtivas para que o simples homem da rua possa voltar a sonhar com um futuro digno. Dividir a sociedade jamais deu certo.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná