Todo dia é Dia do Professor
Carlos Antonio Reis
Hoje é um dia especial, dedicado a homenagear esse profissional que considero praticante da mais bela profissão. Sem nenhum demérito a outros nobres e importantes profissionais de nossa sociedade, mas o professor é ungido por Deus para lapidar mentes e corações, daí a grandeza e nobreza desse trabalho.
O mais gabaritado cientista, capaz de desvendar os grandes mistérios do universo, foi instruído pelas mãos de um mestre.
Poderia hoje escrever um texto com viés mais político, crítico, apontando as mazelas estruturais da educação brasileira e sua desvalorização, não só em termos salariais, mas em todos outros aspectos que permeiam a atividade do profissional da educação.
No entanto, vou escrever para o coração e assim tentar prestar uma singela, mas justa homenagem a todos meus colegas professores.
O professor, como afirmei, é um ser ungido e iluminado. Escolheu talvez, a mais complicada das atividades para exercer.
Lidar com pessoas desde a mais tenra idade até a formação no doutorado é uma enorme responsabilidade.
O fruto do seu trabalho estará aí na sociedade ministrando aulas, fazendo complexos cálculos matemáticos e de engenharia, realizando cirurgias de alta complexidade ou dirigindo um veículo com dezenas de pessoas, operando sofisticadas máquinas, praticando agricultura de precisão, lidando com operações financeiras, comprando e vendendo, entre tantas outras atividades.
Enfim, se você leu esse texto até aqui, deve isso aos professores que passaram pela sua vida. E se escrevi, igualmente agradeço aos meus professores, esse profissional que se contenta com pouco, um abraço, um afago, uma flor.
Mas o que o deixa mesmo feliz é ver o sucesso daquele menino, daquela menina aos quais um dia mundo das letras e dos números foi apresentado pelo seu querido professor(a).
O sucesso de seus alunos é sua maior recompensa, pois quando vê aquele aluno se destacando, sendo bem-sucedido, com uma pontinha de orgulho e vaidade pensa: “Esse foi meu aluno".
Além disso, o que enche de alegria o coração de um mestre é quando, passados alguns anos, reencontra seu ex-aluno que com franca e espontânea alegria o reconhece na rua e o cumprimenta com um"Oi professor!" Ah! Só isso o incentiva a continuar ali na sagrada missão de ensinar.
Vou relatar aqui duas histórias que, penso, podem contribuir para dar uma ideia do que é ser professor. Vamos à primeira:
Certo dia um velho professor foi abordado por um jovem que se dirigiu a ele falando:
- Olá professor como vai? Se lembra de mim?
O velho professor com sorriso carinhoso falou:
- Me desculpe, eu lidei com muita gente não me lembro.
O jovem então se apresenta:
- Fui seu aluno lembra, sou daquela turma que um dia roubaram o relógio de um colega.
O professor então disse:
- Me lembro sim daquele dia e agora de você.
O jovem respondeu:
- Pois é professor, naquele dia um colega com mais dinheiro chegou com um lindo relógio, e já no final da aula acusou que havia sido furtado. O senhor então ordenou que todos se colocassem em pé e em círculo, pois iria revistar cada um.
No entanto, antes recomendou que todos seus alunos fechassem os olhos e só depois começou a ingrata tarefa de revistar um a um. Ao final, depois de ter revistado todos, informou que tinha encontrado o relógio, e então pediu que todos abrissem os olhos. Ato contínuo, entregou o relógio ao dono e não disse uma só palavra.
Naquele dia, sem proferir uma única palavra ou qualquer tipo de insinuação que desabonasse minha imagem, o senhor salvou minha vida e minha dignidade me inspirando ser uma pessoa correta e a trilhar o caminho do bem e me tornar um bom homem.
Pois bem, aquele garoto que furtou o relógio era eu, como o senhor deve agora ter lembrado.
O professor com um sorriso falou:
-“Eu não sabia, pois, ao fazer a revista, a exemplo dos alunos eu também fechei os olhos de modo a nunca saber quem cometeu aquele pequeno delito".
Linda história! Professor inspira!
E agora a segunda história, com um texto de Myrtes Matias:
HÁ SEMPRE UM ANJO NA PEDRA.
O garotinho ficou na ponta dos pés para ver o pesado bloco de mármore.
? Que vai fazer aí? Perguntou ao escultor.
? Nada. Apenas descobrir o anjo que está lá dentro.
E o menino se foi com a explicação.
Crédulo e cheio de fé, como todas as crianças, um dia voltou.
Com um carinho comovente o artista acabava de esculpir um anjo.
? Que lindo! Exclamou o menino.
Eu não sabia que ele estava aí dentro …
No meio da vida, quantos pedaços de mármore.
Disformes, pesados, sem beleza, à espera de mãos submissas, cheias de amor, nas mãos do Escultor que de paciência, cuidado, boa vontade, renúncia, exigidos até a descoberta.
Um golpe em falso, uma pancada, uma palavra má, e lá se vai o trabalho. Extraído do livro:"MENINA SEM NOME".
Assim é o professor, com paciência, esperança e resiliência vai trabalhando, vai inspirando com a certeza de que há sempre UM ANJO ESCONDIDO NA PEDRA.
Professor é inspiração, lapida mentes e corações.
Feliz todos os dias do professor!
Hoje é só mais um dia de homenagem! (Foto: AENPR)
Carlos Antonio Reis é professor e prefeito de Anahy