A desconstrução da verdade (II)
J. J. Duran
Ao chegar ao poder maior da República, o capitão Bolsonaro levou consigo o intento de implantar o liberalismo, porém com visão e normativas próprias dos trópicos.
Uma das virtudes republicanas do fundador do bolsonarismo é sua extrema franqueza. Assim, declarou ele, de forma republicana, que não conhecia nada de economia, por isso a condução dessa área ficaria com o banqueiro Paulo Guedes.
Mas o governo vai para o quarto e último ano sem que o fundador e ex-presidente do banco Pactual tenha apresentado um projeto indicando qual caminho seria trilhado pelo Brasil no campo econômico. O máximo que disse foi ser favorável à ideia do Estado Mínimo, para dar lugar ao centralismo de mercado.
Nos tempos idos dos anos de 1990 o governo do presidente Fernando Collor tentou, com metodologia e discursiva mais acadêmicas que a do capitão presidente, colocar a tese liberal do centralismo decisório do "mercado" na gestão pública.
Com a chegada de Lula e sua teoria econômica populista ao poder, foi imposta uma política do dar sem considerar que tudo precisa ser produzido antes de ser repartido.
Com a derrocada de Dilma, veio o carismático Temer e, neste exato momento, tiveram início o desmonte seletivo das estatais brasileiras e o crescimento de grandes consórcios internacionais.
Passo a passo, chegamos ao tempo pandêmico, no qual são visíveis a degradação do mercado laboral, com o recorde 14 milhões de desempregados, e a queda do poder aquisitivo da população, o que nos permite conceituar a política do ministro Guedes como um fracasso.
A isso deve ser somada a pandemia, num primeiro momento desprezada pelo governo central e que se converteu em tragédia para todos os brasileiros, seja direta ou indiretamente.
A esses fatores todos se somou uma gestão desordenada e personalista, sem uma visão clara da realidade vivida pela República e que acelerou o processo desconstrutivo da nova onda de esperança.
O que virá pela frente? Não é necessário ser um expert para reconhecer que o próximo presidente, independente de seja ele, encontrará um país que uma
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná