A desconstrução da verdade (I)
J. J. Duran
A luta pela preservação da legalidade durante as horas de angustiosa expectativa vividas pela República diante do chamado à inconstitucionalidade feito pelo presidente na véspera d0o último 7 de setembro constituirá uma página luminosa da verdade republicana.
Porém, não devemos nos iludir achando que a crise cessou. Não cessou pela simples razão de que não cessaram suas causas.
É necessário que o capitão presidente respeite o pensamento exposto na sua Carta à Nação para que as instituições republicanas voltem a viver dentro dos limites da democracia, que estão muito bem definidos pela Constituição vigente.
Não será com artifícios ou processos ideológicos perturbadores que a sociedade brasileira voltará a conviver com estabilidade econômica, respeito e confiança nos seus governantes.
É chegada a hora de os simpatizantes da ideologia bolsonarista compreenderem que sem paz social não se poderá frear o alto custo dos bens de consumo, causa e consequência da temível inflação.
Confiança e segurança são vértices necessários para fazer a reconstrução da República causada pela ação desintegradora desenvolvida por forças ocultas e demencialmente empenhadas na destruição do sistema democrático.
Sem vacilações, é necessário empreender a recuperação republicana e restituir a dignidade perdida pelo cargo maior da representação do Estado.
Há que se dar autenticidade aos gestos, discursos e atos daquele que, ungido pelas mesmas urnas que hoje repudia, jurou ante o povo respeitar a fazer respeitar a Constituição.
Que não se faça do poder temporário delegado pelo povo com seu voto um instrumento do ódio, nem veículo para ambições desvairadas.
Grandes são as dificuldades que enfrentamos como sociedade. Se não subermos zelar e velar pelo fim da desconstrução da verdade republicana, a condenação implacável recairá sobre as gerações que nos sucederem. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/AGBR)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná