Combate ao crime organizado exige menos holofotes e mais ação
Quase 27 mil pessoas e mais de 14 mil veículos abordados, 83 prisões, 130 veículos, oito embarcações, 2,8 toneladas de drogas, 12 armas e oito menores apreendidos. Esses são alguns números dos primeiros dez dias da primeira fase da Operação Esforço Integrado, desenvolvida em toda a faixa de fronteira do Paraná com o Paraguai e a Argentina.
São dados expressivos, sem dúvida, mas a informação de que a operação está mobilizando mais de mil policiais com viaturas, aeronaves e embarcações remete a uma constatação óbvia: que, por falta de estratégias adequadas, a segurança pública está ainda muito longe de derrotar o crime organizado na região, comandado principalmente a partir de Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu segundo apontam as investigações.
"As informações colhidas durante a operação vão subsidiar o planejamento de ações futuras como, por exemplo, alimentar investigações da Denarc (Divisão de Narcóticos) que já vem fazendo grandes apreensões de drogas", comentou o delegado Jorge Azor Pinto, representante da Polícia Civil do Paraná no Gabinete de Gestão Integrado de Fronteira.
Parece estar justamente aí o principal desafio e, ao mesmo tempo, o maior equívoco desta mega ação. O correto seria que o efetivo policial empregado na operação saísse às ruas já com esse planejamento feito para lograr o êxito esperado pela população.
E como o bandido vive "antenado" e só é pilhado quando desprevenido, não tem lógica operações desse tipo serem lançadas com atos políticos com direito a discursos e um arsenal de holofotes - fato, aliás, que se repete há décadas. Não há diferença alguma entre fazer isso e mandar via WhatsApp ou coisa que o valha um recado aos que agem à margem da lei para que se escondam porque a polícia está chegando. (Foto: Sesp)