Bicho-da-sede pode render mais até que a soja e o milho
Tendo como uma das características a manutenção do produtor no campo, a sericicultura tem em Diamante do Sul, município localizado entre Guaraniaçu e Laranjeiras do Sul, o terceiro maior produtor do Estado, atrás apenas de Nova Esperança (Noroeste) e Astorga (Norte).
A tolerância da amoreira às intempéries climáticas e os bons preços do mercado têm colaborado para garantir a rentabilidade desejada. Em muitos casos os lucros com a atividade superam até mesmo os de culturas tradicionais, como a soja e o milho. A mecanização do trabalho também contribui para que mais agricultores apostem na criação do bicho-da-seda.
Os sericicultores de Diamante do Sul se alinham à tradição do Paraná de produzir fios de seda de alta qualidade, o que desperta o interesse dos importadores. Conforme dados do Deral, o Estado conta com mais de 1,8 mil produtores de casulos da seda em 176 municípios. As amoreiras ocupam 4.700 hectares e o Paraná já responde por 83% de toda a produção nacional de fios de seda.
O extensionista Wagner Gonçalves da Silva, do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater) de Diamante do Sul, informa que a sericicultura já é a quarta atividade em importância econômica do município, movimentando R$ 3,75 milhões por ano.
Ele lembra que a produção de casulos dá certa estabilidade econômica ao município, já que se estende por oito meses ao longo do ano. “Com isso, a receita é disponibilizada em escala, o que possibilita para o setor do comércio um melhor planejamento para oferta continuada de seus produtos e na entrada de recursos”, diz. “Os produtores também podem planejar melhor a aquisição dos insumos necessários para manter a propriedade rural e mantimentos para as suas famílias".
DIVERSIDADE DE HISTÓRIAS
Entre os sericicultores de Diamante do Sul há uma grande diversidade de histórias, mas todas têm em comum o êxito com a atividade. Noel Barbos dos Santos, de 52 anos, trabalhava na cidade. Em 2013 ele contava com uma renda mensal de um salário mínimo para sustentar a família. As dificuldades o levaram a investir em uma pequena área, de 1,3 hectare, para a cultura da seda. Com esse terreno, Santos conseguiu dobrar a sua renda, melhorando a vida de sua família. Além disso, o produtor reduziu as despesas, uma vez que no meio rural os gastos em relação ao custo de água e energia elétrica são menores.
João Paulo Medenski da Silva, que desistiu de migrar para a cidade, graças à sericicultura, trabalha com três caixas de bichos-da-seda por lote, a cada 30 dias. Ele consegue um rendimento de R$ 1.200 por caixa produzida, ou seja, fatura R$ 3.600 por mês. É uma renda superior à remuneração média praticada no mercado de trabalho urbano em Diamante do Sul.
"A sericicultura proporciona desenvolvimento e renda em pequena escala de produção. Isto é fator significativo, quando analisado o extrato fundiário rural do Estado do Paraná e de Diamante do Sul, composto em sua maioria pela pequena propriedade, pela Agricultura Familiar", conclui o extensionista Wagner Silva. (Foto: IDR-PR)