As páginas da História
J. J. Duran
A incompreensão dos fenômenos históricos contribui para a falsificação da verdade, das realidades e percepções que todo governante tem sobre o passado.
Isso se converte em dano irreparável de agressividade e desejo insensato de regresso a um tempo que já deveria ter sido deixado unicamente nas páginas da História.
E não se converte só em conduta deplorável, como também em motivo de confusão entre membros da sociedade, que por incompreensão, desconhecimento da realidade ou por interesses antidemocráticos, obtura cérebros antes lúcidos.
Henry Kissinger deixou escrito em suas memórias políticas que "o estudo da História, seus fatos e consequências é o único exercício recomendável para não distorcer conceitos".
Existe uma indo-América real que luta desde a chegada do século XX para tentar ordenar, via pacificação, um tempo no qual as inverdades renegam as verdades da História, e outra indo-América áspera, burocrata, violenta e cheia de outras mediocridades governantes.
A divisão da sociedade em suas partes sempre foi o preço a pagar pela oratória incitante da violência, pela criação de um novo estilo de governança, pelo uso do vocábulo "inimigo"como forma autoritária e degradante da liturgia existente no mundo político e ideológico culto.
A vociferação intolerante, agressiva, o palavrão chulo e a ofensa aos sagrados princípios de respeito à figura da MÃE são mostras inequívocas da ascensão ao poder do primitivismo dos adoradores da estupidez melancólica dos que viveram em um passado muito triste.
A divisão consensual vivida pelos velhos dissidentes platinos e que tanto sangue custou foi, é e sempre será usada como estratégia para tentar conduzir o povo pela senda do engano e seu suicídio republicano.
Nessas etapas que parecem reviver no pensamento de políticos desvairados, a mentira volta ao tapete para ser exposta como verdade regeneradora de um passado que já foi sepultado pelo tempo e pelos fatos subsequentes à sua existência.
Em diversas países se está se reescrevendo uma página perigosa da história brasileira, argentina, chilena, venezuelana e de outras nações nas quais a divisão entre comunistas e fascistas semeada pelos delirantes fez agonizar a boa-fé, a concordância, o diálogo e o respeito mútuo.
Tancredo Neves deixou uma página repleta de verdades no seu passado parlamentar ao dizer que "aqueles que estão em decadência, sonhando com um passado sem retorno, são os que não podem compreender por que alguns morrem na prisão e outros gritam vivas aos que governam de forma insensata".
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná