A luz e a sombra dos líderes
J. J. Duran
O crepúsculo dos deuses, o ocaso dos líderes e a queda dos intocáveis não são novidade no mundo todo, pois a história de muitos que chegaram ao ápice frequentemente termina de forma irremediável.
Esqueceram alguns triunfadores que o cume, como o poder político, é espaço existencial apetecível, porém perigoso. O que ocupa a posição mais elevada sempre está rodeado pelos abismos mais profundos.
Essa dramática situação, já vivida por múltiplos personagens do poder político, se agiganta e ganha ares dramáticos para aqueles que alçam as alturas pulando etapas e têm como companheira em sua ascensão a mediocridade arrogante própria dos incidentais.
Mahatma Gandhi deixou uma frase memorável para os arrogantes portadores do estandarte triunfalista: "O poder dos poderosos sempre termina". Nenhum poderoso está a salvo da queda e nenhum poder, incluído o das armas, dá garantias de invulnerabilidade.
O inventário de todos os transeuntes líderes e mitos que chegaram ao poder e passaram da sua efêmera glória para o fracasso e repúdio das páginas da história é interminável.
O jogo trágico da idolatria do poder absoluto é aventureiro e depois da queda dos fugazes triunfadores ficam a solidão e os ecos distantes daqueles fazem um tardio "mea culpa".
Porém, no meio desse cenário de luzes e sombras sempre existem homens públicos que, frente à ambição do poder feudal, a ausência de valores éticos e a violação permanente e inescrupulosa da verdade, levantam suas bandeiras e seus valores, que são perenes e insubstituíveis na democracia.
Nesse confronto permanente entre a mediocridade autoritária primitivista e a elevação moral, vivemos transitando entre duas sociedades: uma que vai escrevendo trágicas páginas da história e outra, luminosas mensagens de fé no futuro.
Entre as luzes e os apaixonados militantes estão aqueles que foram varridos do cenário do poder e levados ao ostracismo. Esta é uma contingência inevitável dos que, uma vez chegados ao poder, ouvem apenas as vozes dos adoradores do ódio e da violência.
O poder nunca é uma conquista definitiva, mas sim uma luta de todos os dias, na qual serenidade e cultura cívica devem ser predominantes no vocabulário dos que admiram o diálogo, a fraternidade e a convivência harmônica.
As luzes e as sombras deste tempo político-ideológico pandêmico vão sendo escritas de forma inexorável nas páginas da história do Brasil e de incontáveis outros países.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná