Presidente convoca população a sair às ruas. Igreja ‘desconvoca’
Usando as redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro voltou nesta segunda a convocar a população a sair às ruas amanhã (7), data em que se comemora o 199° aniversário da independência do Brasil.
“Independência está associada à liberdade. Assim sendo, também no escopo dos incisos XV e XVI, do art. 5° da nossa CF [Constituição Federal], a população brasileira tem o direito, caso queira, de ir às ruas e participar dessa nossa data magna em paz e harmonia”, escreveu ele."Que a liberdade individual seja a máxima nesse marcante evento de nossa soberania”, acrescentou.
Em razão da pandemia não haverá o tradicional desfile na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, mas uma cerimônia cívica será realizada pela manhã, com hasteamento da bandeira e uma apresentação da Esquadrilha da Fumaça para bolsonaristas oriundos do Brasil todo e arregimentados para um ato com cunho mais político do que patriótico.
Esse fato vem gerando preocupação na Igreja Católica, a tal ponto de o presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, ter divulgado no último fim de semana um vídeo com críticas indiretas ao presidente da República.
“Quem se diz cristão ou cristã deve ser agente da Paz e a paz não se constrói com armas. Somos todos irmãos. Esta verdade é sublinhada pelo Papa Francisco na carta encíclica Fratelli Tutti”, disse o arcebispo, chamando atenção para o fato, segundo ele, de a fome ser hoje"realidade de quase 20 milhões de brasileiros".
“Aquele pai que não tem alimento a oferecer para o próprio filho é seu irmão. Nosso irmão. Do mesmo modo, a criança e a mulher feridas pela miséria são suas irmãs, nossos irmãos e irmãs”, afirmou ele no vídeo.
“Não se deixe convencer por quem agride os poderes Legislativo e Judiciário. A existência de três poderes impede a existência de totalitarismos”, ressaltou dom Walmor, pontuando em seguida que “as desavenças não podem justificar a violência".
Já o Movimento Batistas por Princípios, um grupo de religiosos, emitiu nota para “desconvocar" os fiéis da Igreja Batista para as manifestações deste 7 de Setembro, Dia da Independência, e lamentar o fato de outros líderes evangélicos estarem convocando seus fiéis ao ato desta segunda, em Brasília.
“Denunciamos, com perplexidade, o evidente caráter contraditório da manifestação, uma vez que — em nome da defesa da liberdade — faz a apologia inconstitucional do fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal”, diz um trecho da nota. (Foto: José Cruz/Arquivo AGBR)