O mal
J. J. Duran
O mal se infiltra até os confins, muito embora os satélites não rastreiem seus movimentos como rastreiam as mudanças meteorológicas.
Mas se fotografias fossem tiradas do espaço, talvez mostrassem algumas poucas claridades e a maior parte desse mapa imaginário manchada pela terra que encobre as covas onde descansam os vitimados pela Covid-19 e pela idiotice quase histérica daqueles que negaram a gravidade da pandemia.
Enfrentamos um verdadeiro dilúvio de promessas não cumpridas até construirmos a convicção de termos sido enganados pelos profetas políticos do novo socialismo, e mais recentemente pelos adoradores demenciais do tempo sangrento da indo-América.
Acertadamente, escreveu Francis Fukuyama: "Parece chegado ao fim o capítulo da história do poder autoritário, menos para os que se acham portadores do sagrado mandato restaurador dos costumes".
Lamentavelmente, o mundo todo escureceu e ficou temeroso e insensato ao chamado da fraternidade universal apregoada pelos defensores da globalização. A vacina da vida foi primeiro aos que tinham condições de pagar mais e só depois aos retardatários seguidores dos negacionistas da gravidade do momento.
As covas abertas no coração da mãe Terra no silêncio dos cemitérios são um grito desgarrador dos bilhões de seres humanos de todas as nacionalidades que choram a perda de entes queridos.
Há culpados? Sim, todos que acreditaram nas palavras dos que insistiram em negar a verdade dolorosa de um mundo que nos cobra hoje o preço dos desatinos verbais e diplomáticos de seres cuja incapacidade de ver e medir as consequências do quadro levou ao mundo inteiro os sinais de torpeza e mediocridade próprios dos insanos adoradores de ideologias já enterradas nas covas da História.
Elie Wiesel escreveu que"Deus está no exílio, porém os indivíduos que persistem na luta para melhorar algo de tudo que os circunda podem redimir a humanidade e repatriá-lo".
O grande problema é se o Bom Judeu quer voltar a determinados países.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná