Pensamento político
J. J. Duran
Vivemos um momento elevado da História com o sentimento de orgulho de pertencer a um povo que não se abate, que sabe afastar o medo e não acolhe o ódio. Transitamos, sim, pelo bom e velho caminho democrático. Por isso, é oportuno lembrar o saudoso Tancredo Neves, que deixou a todos nós o ensinamento de que "não há Pátria onde falta democracia".
A Pátria é escolha. Não é o passado, nem o presente, mas o futuro que estamos construindo no presente.
Está cada dia mais difícil atingir a paz e a convivência harmônica entre pessoas que raciocinam e opinam de formas distintas do pensamento oficial, que persegue o caminho da política sem razão e não da razão política.
Por mais no passado que estejam as sombras funestas do autoritarismo e da mediocridade republicana, todos têm que se esforçar para estabelecer o equilíbrio social, tão perturbado pelas incoerências discursivas.
A tripartição dos poderes da República simboliza a verdadeira democracia, por isso devemos lutar para que se respeite os valores e a independência de cada um deles. O alicerce republicano do poder está distribuído sabiamente e não se coaduna com o poder unipersonal, autoritário e descontrolado.
Volto a reiterar o papel que as Forças Armadas têm no governo. O projeto político-ideológico do bolsonarismo convocou para construir seu círculo de poder um núcleo de militares do Exército, que desde os tempos das missões dos cascos azuis formam um sólido e inteligente grupo acostumado ao jogo do poder civil.
Um núcleo, reitero, não representa toda a instituição militar, que, dimensionada no tempo histórico da República, sempre prestou valioso serviço à consolidação de sua formação.
Sejamos nesta hora possuídos pela mística da República (ordem e progresso) para que isso sirva de dique de contenção e moderação contra o perigo de impor à maioria a vontade das minorias.
Para ser respeitado, antes o governante deve respeitar os seus governados. Dialoguemos com verbos não impositivos, nem ameaçadores. Trabalhemos dentro do marco constitucional para determos todo intento de imaturidade política que procure submeter a democracia aos interesses personalistas de ocasionais detentores do poder.
Não esqueçamos aquele ditado que diz que "mais vale a força da razão que a razão da força". (Foto: Pixabay)