Voto impresso: mentiras e verdades
Renato Sant'Ana
Cada um é livre para escolher entre a mentira e a verdade. Mas decerto não é livre para escapar às consequências de uma escolha errada.
É mentira que se esteja tentando voltar a ter votação em cédulas de papel como antigamente. Mentira!
A verdade é que existem urnas eletrônicas de 1ª, 2ª e 3ª geração, mas o Brasil segue usando um cacareco da 1ª geração. E tudo que se quer é passar a utilizar uma urna moderna que imprima o voto.
É mentira que a votação eletrônica atual seja blindada contra fraudes: relatório da Polícia Federal atesta que, em 2018, um hacker entrou no
"servidor" do Superior TSE (Tribunal Eleitoral) e por sete meses operou lá sem ser descoberto. O próprio TSE reconhece que isso aconteceu!
Mas é verdade que, embora urnas de 2ª e de 3º geração permitam imprimir o voto, o eleitor não vai levar para casa a cédula e não poderá mostrar em quem votou, sem risco de ser por ele cobrado.
É mentira que esse debate começou agora por causa de Bolsonaro.
O que é verdade é que, em 2015, o Congresso Nacional aprovou lei que determinava que, no processo de votação eletrônica, a urna imprimiria o registro de cada voto a ser depositado em local lacrado, sem contato manual do eleitor; Dilma vetou essa regra, alegando (pasmem!) que ia custar muito dinheiro; o Congresso derrubou o veto dela; e o STF, exorbitando suas funções, fulminou a decisão dos congressistas.
Tem mais! Só Brasil e os inexpressivos Bangladesh e Butão usam urna eletrônica sem comprovante do voto impresso. Demais países que têm votação eletrônica adotam urnas com impressora.
Observe bem quem está contra a transparência do processo eleitoral. E se questione que interesses podem estar por trás dessa conduta obscura. (Foto: AGBR)
Renato Sant'Ana é advogado e psicólogo - sentinela.rs@outlook.com