J. J. Duran

Nenhuma crise expôs tanto quanto a atual a incapacidade do sistema político brasileiro para resolver os problemas que mais afetam a sociedade. Pobreza, desemprego, fome e deterioração institucional da República são endêmicas doenças que marcam com cicatrizes a alma do povo, e a deficiência funcional e moral para enfrentá-las atinge governo e oposição, bem como parte de um núcleo da sociedade que aprofunda cada vez mais a crise.

O governo insiste com seu pensamento negacionista, síndrome do primitivismo político sociológico que varre a indo-América, como se a pandemia que já causou mais de 500 mil mortes de brasileiros fosse, de fato, uma gripezinha que logo vai passar. Até agora, a única coisa que está passando é a resignação da sociedade ao ver a inexistência, no governo, de uma linha de coerência e assumida responsabilidade para encarar a pandemia.

A oposição, por sua vez, segue apelando ao efeito "comédia”  para descobrir os culpados por tantas mortes, quando deveria era contribuir de forma efetiva no enfrentamento deste difícil momento. Ela insiste em mentir ao povo mesmo depois da perda de tantas vidas humanas.

O Mito não é o único a quem se deva atribuir a culpa pela catástrofe humanitária que nos assola. São muitos os culpados, que das sombras de seus mandatos apenas silenciam ou adulam. Caráter e idealismo se mede nas horas turbulentas de uma gestão, quando o povo, solitário, espera ouvir palavras e gestos que lhe permitam acreditar no futuro.

Que a classe política como um todo deixe de lado a estupidez ideológica e apresente propostas e ações concretas e capazes de levar a República a superar este momento difícil.

Se o presidente e seus auxiliares mais diretos estão fazendo uma leitura equivocada da situação nacional, o mesmo se passa com a oposição, da qual também se espera respostas para as tantas perguntas que desorientam a sociedade em geral.

Até agora, governo e oposição têm demonstrado que possuem em comum uma enorme capacidade para demonstrar a sua incapacidade política. (Foto: Jeferson Rudy/Ag. Senado)

J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná