Acidentes de trabalho custam R$ 200 bilhões por ano ao País
O Brasil está entre os países do mundo onde os acidentes de trabalho custam mais caro, na ordem de 4% do PIB (Produto Interno Bruto) por ano. São 700 mil acidentes a cada 12 meses que custam R$ 200 bilhões que poderiam ser investidos em áreas produtivas, obras de infraestrutura, mais segurança e qualidade de vida. E os motivos para dados tão alarmantes são inúmeros, disse na manhã desta quarta-feira, na Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel), o especialista no tema César Yohio Kawakami.
Durante encontro da Câmara Técnica de Relações do Trabalho destinado a empresários e profissionais da área de recursos humanos, César informou que o Brasil ocupa a quarta posição do ranking mundial em acidentes de trabalho. Uma ocorrência é registrada a cada 48 segundos, com a morte de um trabalhador a cada três horas e 38 minutos. Mais de 90% das ocorrências estão associadas à negligência e desatenção às normas e regulamentações. "Essa é uma luta de todos, porque os resultados são, entre outros, a perda de força de trabalho, de pessoas talentosas para o mercado e também prejuízos à economia e ao erário".
César informou que as fraturas e as doenças psiquiátricas lideram entre as principais causas de afastamento - apenas daquelas com mais de 15 dias. As ortopédicas historicamente estão na dianteira, mas em pouco tempo os problemas de ordem psiquiátrica vão ocupar a ponta. "E um dos desafios dessa situação é que para as doenças psiquiátricas não há métodos específicos e eficientes para detectá-los preventivamente". O especialista diz que apenas oito mil entre 350 mil registros de CAT (Comunicação de Acidentes de Trabalho), em 2017, foram doenças. Mas o percentual sobe para 32% quando ocorrem as perícias do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). E o quadro tende a ficar ainda mais agudo, conforme ele.
DISTORÇÃO
Do total de acidentes registrados em outros países, 84% estão ligados a doenças. Entretanto, no Brasil elas sequer chegam a 2% do total de ocorrências. "Algo está errado. Precisamos descobrir claramente o que é e corrigir isso", alertou César. Para chegar às causas dessa distorção é fundamental questionar e entender por que os acidentes ocorrem, investigá-los e então buscar medidas para inibi-los e preveni-los. As causas dos acidentes são as mais diversas, como mau uso de máquinas e equipamentos, de agentes químicos e biológicos, quedas, manuseio incorreto de embalagens, transporte, não uso de equipamentos de proteção individual, cansaço e condições inseguras de trabalho.
A queda de altura é uma das campeãs em número de acidentes. Do total de 350 mil em 2017, 37 mil, ou 10,6% do total, estiveram ligados a ela. Das mais de 1,1 mil mortes confirmadas naquele ano, 15% dos trabalhadores foram vítimas de quedas. "E há treinamentos, normas, equipamentos de segurança, fiscalização e orientações. Mas então quais são as razões de os números, no Brasil, serão tão altos e custarem tanto à sociedade", questiona César Yohio Kawakami.
ÁREAS
Os setores nos quais os registros de acidentes são mais comuns são abates de suínos e aves, transportes, comércio varejista, supermercados, serviços públicos e construção civil. O Paraná ocupa a quinta colocação nacional em emissões de comunicação de acidentes de trabalho. O INSS informa que foram 200 mil, apenas em 2017, os benefícios pagos a trabalhadores que precisaram ser afastados por mais de 15 dias por acidentes de trabalho. A média é de 539 por dia. Os impactos legais dos acidentes foram explicados pelo advogado Joaquim Pereira Alves Júnior. O coordenador da Câmara Técnica de Relações do Trabalho da Acic, Agnaldo Mantovani, informou que a orientação e a participação de todos é fundamental para tornar os ambientes de trabalho mais seguros e sadios. (Foto: Assessoria)