Sectários e medíocres
J. J. Duran
A pluralidade das vozes no exercício da liberdade de expressão exige o compromisso com a ética, com o respeito à palavra e à verdade.
Quando existe inteligência e boa-fé, permite-se a articulação de perspectivas que, sem ocultar as contradições que possibilitam o direito de criticar, se constituem em pilares do respeito aos leitores e deles a quem escreve.
A justa aspiração da veracidade informativa vai junto com a queda do mito existente sobre a independência dos profissionais nos diferentes meios de comunicação.
A pandemia colocou todos os componentes da vida das pessoas em prisão domiciliar. Fechados estão aqueles que escrevem e também aqueles que leem.
Apesar das sofisticadas ferramentas existentes para reduzir a subjetividade, a cada dia mais críticos usam o direito da liberdade de expressão para massacrar e reduzir as opiniões dos profissionais da informação para reduzir o pensamento manifestado ao gosto do próprio umbigo.
Mas a história não pode ser escrita ou modificada segundo as diferentes ideologias e por desvarios compulsivos de quem opina. Bem-vinda a pluralidade das vozes, que vem para mostrar que não são os medíocres sectários desvairados os que conformam a verdade e a história.
O compromisso ético com a verdade e o respeito à lei e à história são bem vindos ao debate inteligente e que não busque modificar as páginas da história - principalmente da história mais recente e, por isso, presente na memória da grande maioria. A memória histórica é lamentável para muitos sarcófagos onde descansam virtudes e defeitos impossíveis de negar.
Escrever num meio de comunicação é sair a caminhar pelas ruas de um mundo que não tem dono, governante ou poderoso que dite suas verdades.
Escrevi em respeitados jornais do mundo ao longo dos últimos 70 anos e lembro como se fosse hoje de um ensinamento do saudoso mestre mexicano Sergio Pitol em uma conversa na Paris das luzes literárias."Em cada folha escrevemos nossa fuga de um mundo onde os medíocres sectários vão nos encontrar em cada esquina" - disse ele.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná