O agronegócio, o bioplástico e a preservação ambiental
Dilceu Sperafico
Os benefícios e avanços do agronegócio brasileiro vão além do crescimento da produção, transformação e exportação de alimentos e matérias-primas, gerando empregos, renda, riquezas, tributos e oportunidades de negócios, no campo e nas cidades, com ganhos para toda a sociedade rural e urbana.
Além de garantir o abastecimento do mercado interno com alimentos de qualidade, sanidade e diversidade e propiciar sucessivos superávits na balança comercial, o produtor e o trabalhador rural do País contribuem cada vez mais para a expansão da economia e o bem-estar dos cidadãos.
Como maior interessado na preservação de recursos naturais, até por exercer atividade econômica a céu aberto, exposta às variações e adversidades climáticas, com grandes riscos aos seus investimentos, o agricultor nacional agora está também colaborando para a adoção de bioplástico e a proteção do solo, rios e oceanos da poluição ambiental.
Através do cultivo do milho, laranja e mandioca e outros produtos tradicionais, o agronegócio está viabilizando a produção de plástico sustentável e até comestível, o chamado bioplástico, com todas as vantagens de ter fontes limpas e renováveis, como sãos as plantas.
Com isso, produtos tradicionais, como a mandioca não servem mais apenas como alimentos de seres humanos e animais domésticos e o etanol ou álcool, oriundo da cana-de-açúcar, vai muito além da utilização somente para o funcionamento de carros. Com o avanço da tecnologia, surgiu o bioplástico, oferecendo novas utilidades a esses e outros produtos tradicionais do agronegócio.
Dessa forma, alimentos como o milho, a mandioca, a laranja e a cana-de-açúcar, além de espécies marinhas, como o camarão, estão sendo transformados em sacolas, talheres, copos, entre outros itens, antes todos de plástico convencional, que podem ser, inclusive, comestíveis e ajudar pacientes com doenças graves.
O diferencial do bioplástico não fica apenas na fonte renovável para sua produção a partir de alimentos tradicionais, embora a novidade também apresente suas próprias dificuldades. Na comparação com o plástico comum, feito a partir do petróleo, são menos resistentes e nem todos os tipos conhecidos se decompõem rapidamente.
Além disso, as empresas que apostam na adoção de bioembalagens podem enfrentar dificuldades para atender a demanda industrial e a preferência de consumidores preocupados com a questão ambiental, sendo obrigadas a investir mais em equipamentos para sua produção e/ou utilização.
Em 2021, segundo cálculos de especialistas, áreas de centenas de milhares de hectares em todo o mundo vêm sendo utilizadas no cultivo de plantas destinadas à indústria de bioplástico, especialmente por ser material oriundo de fontes renováveis, como produtos da agropecuária e até mesmo frutos do mar, ao contrário do que acontece com o principal material do plástico comum, o petróleo, que é finito, altamente poluente e tem custo elevado.
São os casos do milho e da mandioca, existentes na natureza e cultivados por humanos há milhares de anos, permitindo que fungos e bactérias da natureza evoluíssem o suficiente para se nutrirem de seu consumo. Enquanto isso, o plástico tradicional foi inventado pelo homem há pouco tempo, impedindo que micro-organismos consigam consumi-lo na natureza, o que explica a demora de até 500 anos para se degradar no solo, rios e oceanos. (Foto: Pixabay)
Dilceu Sperafico autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado- dilceu.joao@uol.com.br