O projeto Bolsonaro
J. J. Duran
O grande confronto político-constitucional da América Latina vai se dar entre os governos republicanos e os governos autoritários.
No Brasil, o capitão Bolsonaro, eleito democraticamente por uma expressiva maioria eleitoral junto com um seleto grupo de militares, empresários e cidadãos comuns, precisa de uma Constituição democrática para seu projeto político.
Vai deixar para trás uma legião a debater e criticá-lo, zombando de seus discursos, enquanto ele e seus auxiliares continuarão avançando na direção de seu objetivo: o poder total.
Seus maiores problemas hoje são a proximidade do pleito eleitoral de 2022 tendo em vista a situação altamente conflituosa que atravessa a República por conta do reaparecimento de Luiz Inácio Lula da Silva - que, a despeito de seu passado recente, segue sendo tendo grande força eleitoral - e a pandemia por ele renegada no início e que já causou a morte de mais de meio milhão de brasileiros.
Alguém pode alegar que os mortos pela Covid-19 não votam mais, e isso é fato, mas seu silêncio produz o voto solidário, que tem uma força superior a qualquer ideologia.
Tudo parece válido para concretizar o plano político do bolsonarismo na construção de um projeto autocrático liberal. E, ao contrário do que muitos pensam, a democracia não é inimiga do bolsonarismo, mas sim o republicanismo incentivado pela chamada grande mídia.
O trabalho de desconstrução do velho modelo de Estado burocrata vai seguir em frente, sem uma resposta válida para uma sociedade atormentada pela pandemia, pela fome e pela desesperança.
Como se vê, é dificílima a tarefa que se apresenta para Bolsonaro e seus generais políticos em um cenário tutelado pelos olhos de água do senhor Joe Biden. (Foto: Antonio Cruz/AGBR)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná