J. J. Duran

As notícias não são um drama para todos. O aumento da desocupação, a falta de vacinas resgatadoras de vidas das garras letais do coronavírus, o aumento da pobreza e da fome não são chagas lastimadas por igual pelos diferentes grupos socioeconômicos que conformam a sociedade.

Não é correto afirmar que os patrões procuram o desemprego para lograr uma aceitação resignada dos trabalhadores. Esse cenário é, na verdade, fruto de um projeto político-econômico desenhado e executado pelos cérebros econômicos do capitalismo.

Está claro que em qualquer sociedade existem interesses em conflito. E democracia, esse regime republicano estabelecido pelo sistema eleitoral, não é sinônimo de ausência de conflitos entre classes, mas a forma política mais adequada para processar diferenças e resolver, pelo diálogo, tudo aquilo que circunstancialmente requer uma representação imparcial.

Diferentemente do que ocorria até não muito tempo atrás, na indo-América hoje parecem eliminadas as ameaças de ruptura institucional via golpe ou militarização do regime político, mas continuam a existir as desigualdades econômicas e sociais.

Em tempos democráticos, a essência do poder republicano deve ser confrontada com o histórico do personagem que circunstancialmente o detenha por delegação do povo.

Antes de chegar ao topo do poder, qual foi seu pensamento ideológico? Qual foi seu posicionamento nas relações laborais? Qual foi seu discurso político sobre religião, segurança, educação, ciência e geopolítica? Com esse simples questionário poderá ter o eleitor um retrato quase certo daquele que se lança na arena política como candidato.

Não temos que condenar ou defender nomes, mas sim causas. Sem ofender a capacidade do eleito e dos eleitores, temos que elevar aos cargos de extrema importância pessoas que se conduzem como verdadeiros líderes.

A pandemia parece ter vindo para mostrar o despreparo político da sociedade como um todo, ou seja, que não há Pilatos nessa história. (Foto: Pixabay)

J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná