Debate expõe o gigantismo do agronegócio paranaense
Apesar de ocupar apenas 2,3% do território brasileiro, o Paraná é responsável por 13,5% da produção agrícola nacional. As características que proporcionam este sucesso foram debatidas em audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa e realizada nesta sexta-feira (11), de forma remota.
Produtores rurais, entidades ligadas ao agronegócio e membros do Governo do Estado falaram da experiência na maximização dos ganhos de propriedades que, em sua maioria, têm menos de 50 hectares de extensão."Diferente de outros estados, nós não temos novas áreas de expansão. O trabalho no campo não é fácil, mas o conhecimento e tecnologia tem o tornando mais atraente para os mais jovens e mais produtivo para a população”, destacou o deputado Homero Marchese, proponente do debate.
“Superamos São Paulo no valor bruto da produção”, pontuou Ágide Meneguette, presidente da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná). “Também somos o segundo maior produtor de soja. Parte da produção é exportada e parte alimenta frangos, suínos, peixes e gado leiteiro”, acrescentou.
Ágide citou o pioneirismo do Paraná no plantio direto e o apoio da Faep na criação de um programa de conservação de solo para ajudar entidades públicas e privadas. “Temos que avançar na conectividade para a agricultura de precisão, o futuro da produção rural. O Estado precisa ser concessor de pesquisa em universidades para nos ajudar na implantação de novas tecnologias”, cobrou.
Robson Mafioletti, superintendente da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), disse que o Estado tem 2,5 milhões de associados em 217 cooperativas com 118 mil funcionários. “Isso gera R$ 115,7 bilhões em faturamento e R$ 5,8 bilhões em sobras que ficam no Paraná, principalmente nas pequenas propriedades”, explicou.
Segundo ele, 70% da produção da soja paranaense passa por cooperativas e elas têm participação de 65% na produção de grãos. Esta participação é de 45% na indústria láctea e de aves. “São 120 unidades de agroindústria nas cooperativas paranaenses. 50% das propriedades paranaenses têm até 50 hectares. Sem o apoio das cooperativas, elas não atingiriam os mercados internacionais que alcançaram hoje”, disse.
O PIB agropecuário paranaense aumentou 15% entre 2019 e 2020 e o Estado se consolidou como o segundo que mais gera riqueza no campo em todo Brasil. Dados do Ministério da Agricultura indicam que, no ano passado, o VBP (Valor Bruto da Produção) paranaense bateu na casa dos R$ 88 bilhões, ficando atrás apenas do Mato Grosso.
APOIO
De acordo com o secretário estadual de Planejamento e Projetos Estruturantes, o cascavelense Valdemar Jorge, para aumentar a produtividade o Paraná precisou de ferramentas tecnológicas. “A produção de milho evoluiu muito com o apoio da Emater. Hoje temos mais tecnologia em uma espiga de milho do que em um aparelho celular”, exemplificou.
Ele citou programas estaduais de fomento ao agronegócio, agricultura familiar e desenvolvimento de tecnologia para o campo. “O Paraná é declarado área livre de aftosa sem vacinação o que ajuda muito na cadeia produtiva da produção animal. O Brasil responde pela alimentação de mais de um bilhão de pessoas no mundo. Boa parte dessa produção vem do Paraná, segundo maior produtor do país”, falou, salientando o sucesso do Estado.
“O programa Feito no Paraná foi criado neste sentido, com apoio da sociedade civil, supermercados e lojistas. Temos produtos de excelente qualidade, como a indústria têxtil com grande produção de algodão. Queremos aumentar a industrialização de produtos paranaenses. Com o aumento do PIB vem o aumento de recursos e melhorias no atendimento à população”, afirmou.
Ainda de acordo com o secretário, um dos fomentos é sobre o pequeno produtor, provedor dos alimentos da cesta básica. “Lançamos o Banco do Agricultor de subsídio a juros agrícolas, com 3% de subsídio sobre os juros para o pequeno agricultor paranaense. O programa Paraná Produtivo identifica o IDH mais baixo e ajuda essas regiões a formar conselhos de desenvolvimento para buscar a vocação local e gerar emprego e trabalho”, detalhou.
Para o agrônomo Marco Ripoli, consultor e idealizador do projeto “O Agro Não Para”, o Brasil é o único país do mundo com condições de aumentar em 40% sua produção. “Os Estados Unidos não conseguirão crescer mais do que 10%". Ele falou da AgTechs, empresa de startups com foco em tecnologia para o agronegócio. Ripoli explicou que são 1574 empresas deste segmento atuando no país atualmente, um crescimento de 40% em relação a 2020.
Também participaram do encontro Anderson Toledo, gerente de inovação do IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná); Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja, e os produtores rurais Laercio Dalla Vecchia, de Mangueirinha; Jonas Martini, de Três Barras do Paraná; Thiago Tudela, de Maringá; e Femmigje Koopman, pecuarista de Wenceslau Braz. (Foto: Rafael Guareski/Alep)