O mundo escancara as portas aos produtores de carnes do PR
Esta quinta-feira (27) vai ficar marcada como importante divisor de águas na história da agropecuária paranaense, e por dois motivos muito especiais. É que além de área livre de febre aftosa sem vacinação, conforme o Alerta Paraná já havia antecipado, a OIE (Organização Mundial da Saúde Animal) confirmou mais um reconhecimento internacional ao Estado: o de zona livre de peste suína clássica independente.
Anunciada durante a 88ª Sessão Geral da Assembleia Mundial dos Delegados da OIE, em Paris, essa classificação coloca o Paraná definitivamente fora de um grupo atualmente formado por 11 estados brasileiros, garantindo vantagens sanitárias aos produtores locais no mercado internacional.
Essa chancela permite aos suinocultores paranaenses ganhar volume e atingir mercados como Estados Unidos, União Europeia, Japão e Coreia do Sul, que pagam até o dobro do valor por tonelada.
No ano passado foram produzidas no Paraná 936 mil toneladas de carne suína, um aumento de 11,1% comparativamente a 2019. Rendimento que garante a vice-liderança no setor, atrás apenas de Santa Catarina, responsável por 29% do total nacional - produziu 1,3 milhão de toneladas de um total de 4,5 milhões de toneladas.
“Podemos sonhar com a liderança. O nosso pleito de isolar o Paraná foi reconhecido. Somos um bloco independente e agora estamos isolados de problemas que possam acontecer na divisa com o Norte e parte do Nordeste que não são livres”, destacou o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
“Para o Estado é uma segurança, uma garantia. Seremos mais agressivos no comércio mundial. Abatemos mais de 10 milhões de suínos por ano e com perspectiva de chegar a 15 milhões em breve”, acrescentou.
HISTÓRICO
O reconhecimento internacional foi concedido ao Paraná em 2016 pela OIE, mas ainda estava pendente a chancela como zona única, a chamada independência. Em dezembro de 2019, o Ministério da Agricultura já tinha publicado uma instrução normativa que reconhecia o Paraná como área livre peste suína clássica. A medida foi adotada porque a Zona Livre Específica da qual o Paraná fazia parte estava sob risco iminente de perder esse status sanitário devido ao registro de focos da peste suína em Alagoas, próximo à divisa com o Sergipe.
A peste suína clássica está erradicada no Paraná desde 1994, quando o Estado foi reconhecido oficialmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, junto com os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, como área livre da doença. Ocorre que desde 2005 a OIE decidiu que a partir de 2015 adotaria o sistema de reconhecimento regional para essa doença, a exemplo do que já faz com doenças aviárias (como a doença de NewCastle) e a febre aftosa.
Entre as medidas adotadas pelo Estado, desde então, estão a investigação na área de sanidade das granjas de suínos, com a realização de sorologia epidemiológica nos animais; a adoção de um sistema de proteção baseado na vigilância, auditável com apoio laboratorial, e também foram implementadas medidas de biossegurança no sistema produtivo.
AFTOSA
E a conquista da certificação de área livre de febre aftosa sem vacinação vai alavancar também as exportações paranaenses de carne bovina. O selo funciona como um aval sanitário sobre toda a produção agropecuária do Estado, e deve impactar não somente a exportação de carnes e seus derivados, que são diretamente vinculadas à questão, mas também produtos agrícolas, potencializando a economia do Estado como um todo.
Esse é o principal impacto esperado pela certificação, almejada há anos pelo setor produtivo. “Com a vacinação, existe uma desconfiança de que ela é necessária porque os animais podem ter a doença. Quando você para de vacinar, você tem a certeza de que, nessa região, ela está erradicada”, explica Otamir Cesar Martins, diretor-presidente da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná). “Vamos poder alcançar novos mercados que pagam melhor - como na carne suína, que chega ao dobro do valor em países como Japão e Coreia do Sul".
“Em cinco anos, provavelmente estaremos nos mercados com carnes especiais - o que, no timing comercial internacional, é um tempo muito curto”, previu Antônio Poloni, assessor da presidência da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná). “Mais do que ampliar mercados, esse é um selo de qualidade do Paraná como um produtor de primeiro mundo. É um cartão de visita muito mais forte para o empresário”, acrescentou. (Foto: Sistema Faep)