As covas do negacionismo
J. J. Duran
De acordo com o dicionário editado pela Universidade de Navarra (Espanha), "imbecilidade é um termo médico usado para designar uma forma grave de retardo mental", situada entre a franqueza mental e a idiotice.
Feito este esclarecimento, vamos colocar nosso pensamento sabático sobre o assunto. Na indo-América, essa doença está intimamente ligada às ideologias. A ignorância ajuda no agravamento da pandemia e complica o cenário ainda mais pelo fato de, em grande parte do chamado Cone Sul do jovem continente, a política estar cheia de mediocridades alucinadas de velhos adoradores de ideologias sepultadas pela História com diferentes conceituações, porém com um rasgo comum entre seus pregadores quando chegam ao poder e se alinham ao autoritarismo e à demência cultural.
Aqueles mais ousados, uma espécie de guerreiros destemidos de pijamas, compõem grupos subversivos identificados com o discurso oculto e produzem a errônea sensação, na sociedade não domesticada, de amoralidade republicana.
São esses que, no seu discurso tosco, porém direto, demonstram o grau de incapacidade para encontrar soluções reais e práticas capazes de dar um basta à ação devastadora do vírus letal, que tantas vidas está ceifando.
O negacionismo sem fundamento diante da pandemia que nos castiga está escrevendo uma passagem triste e empobrecida da nossa História.
Quando de sua passagem pelo nosso Continente para o lançamento de seu programa "Aliança para o progresso", J. F. Kennedy disse, em discurso, que "desastrosa pode ser a gestão de um governante quando movido pela sua ideologia e dá mostras de sua ignorância e do seu rancor".
Os duendes que habitam em muitos cérebros governantes e de fieis militantes à sua causa ignoram, silenciam, se distanciam da culpabilidade que têm de seguir fazendo uso do poder para cometer atropelos contra a vida.
As centenas de milhares de covas abertas no coração sangrante da indo-América estão pedindo um basta a tanta ignomínia, ignorância e prepotência demencial.
Cada uma dessas covas guarda o rosto de um ser querido que acreditou no tempo da renovação, da fraternidade, da ética e da verdade.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná