A agricultura familiar e a tecnologia dos aplicativos
Dilceu Sperafico
Mesmo que se fale muito na internet 5G, que poderá estar disponível nas capitais dos Estados até julho de 2022 e é classificada como revolução tecnológica abrangente, não se pode esquecer que a Agricultura 4.0 já se tornou realidade em pequenas propriedades do País.
A plataforma de tecnologia digital 4.0 faz a diferença nas pequenas propriedades, em atividades como o rastreamento e valorização da produção agropecuária, elevando a produtividade e a qualidade de produtos e serviços.
A tecnologia 4.0 oferece ferramentas digitais com novas possibilidades ao produtor rural, como inovações para aumentar volume e qualidade da produção, ao mesmo tempo em que reduz custos da atividade, que assim se torna mais competitiva.
A Agricultura 4.0 surgiu em 2010 e vem ganhando espaços no agronegócio brasileiro, composta de quatro pilares, que são gestão baseada em dados, produção a partir de novas ferramentas, sustentabilidade e profissionalização da cadeia produtiva.
Conforme especialistas, as novas tecnologias são caminho sem volta na atividade rural, beneficiando também a agricultura familiar, com participação importante na produção e qualidade de alimentos.
Exemplo disso aconteceu na atividade de agricultores familiares de cooperativa do litoral Norte do Rio Grande do Sul. Com a tecnologia, a entidade se tornou referência na qualidade de frutas, hortaliças, mel, produtos de panificação e derivados de cana-de-açúcar, oferecidos pelos seus associados.
Os pequenos agricultores produzem mais de seis mil toneladas de 80 variedades de alimentos por ano, utilizando plataforma digital. O aplicativo passou a fazer parte de sua rotina, facilitando e atualizando tarefas, através de modernas ferramentas e possibilidades.
Para isso, os produtores adotam o manejo orgânico de suas propriedades e atividades, através do Caderno de Campo Digital. Focado no agricultor familiar, o aplicativo permite de maneira rápida e fácil o registro de atividades do dia-a-dia, desde o preparo do solo até a colheita, com rastreabilidade da produção e chegada do alimento ao consumidor final.
No início, a expectativa do aplicativo era atender normas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do Ministério da Agricultura, mas foi logo superada. Com o recurso tecnológico, agricultores cumpriram a legislação e encontraram outras formas de organizar e melhorar a gestão das propriedades rurais, ampliando suas informações sobre a atividade.
Na assistência técnica, quando vai visitar o agricultor, o técnico já dispõe de histórico da propriedade e suas atividades, o que facilita a orientação do produtor e o acompanhamento permanente da produção.
A novidade também estimulou o engajamento de jovens filhos dos produtores na atividade produtiva, com interesse no domínio do aplicativo pela maior familiaridade com a moderna tecnologia.
Com isso ajudam em ações que facilitam a rotina nas propriedades, racionalizando o uso de insumos e aumentando os ganhos de produtividade, pois ferramentas de inteligência agrícola permitem maior controle da procedência e certificação de origem de frutas e verduras, através do acompanhamento e rastreabilidade de seus cultivos.
A tecnologia representa nova fase para a agricultura familiar, fortalecendo a atividade e criando verdadeiros cinturões verdes, visando o abastecimento de centros consumidores com maior densidade populacional. (Imagem: Reprodução Embrapa)
Dilceu Sperafico é agropecuarista, ex-deputado federal e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Paraná - dilceu.joao@uol.com.br