O salário dos políticos
Lorenzo Balen
Quando os políticos defendem para si altos salários como pretexto para deixar de roubar, não passa de papo furado pra enganar a população: nós sempre ouvimos, eles sempre aumentam e a corrupção não diminui. Isso porque ela não tem a ver diretamente com os salários, mas com a troca de favores através da estrutura pública, no financiamento das campanhas, com o favorecimento em licitações ou a aprovação de leis que beneficiam a eles mesmos e os setores mais ricos.
Outro problema é o cargo eletivo ser tratado como emprego, como fonte de renda pessoal, com o mandatário fazendo de tudo para garantir a continuidade dessa "boquinha".
Os privilégios dos políticos deveriam estar entre os primeiros cortes para conter gastos, mas vemos acontecer o contrário. Prejudicam a assistência social, a educação e a saúde pública, ao mesmo tempo em que aprovam supersalários e auxílios exorbitantes para si mesmos. Isso é uma afronta ao povo que batalha pra viver! E ficamos ainda mais revoltados quando isso se estende a juízes e a cúpula das forças armadas. Para eles, o luxo. Para o povo, o lixo.
A atividade de um representante não pode estar distante ou separada do próprio povo. A política não pode ser meio de realização pessoal. O político deve ganhar o mesmo salário que uma professora ou um trabalhador qualificado, no máximo. Por um lado, para valorizar os(as) trabalhadores(as), por outro, a atividade política não pode representar uma vantagem.
Precisamos de uma reforma política que amplie o poder de decisão do povo; que proíba as negociatas durante as eleições, como as coligações com partidos de aluguel; que permita a revogação dos mandatos de quem enganou os eleitores; que garanta as mesmas condições de participação eleitoral, com campanha barata, mesmo tempo de TV e participação de todos os(as) candidatos(as) nos debates.
Enquanto isso não ocorrer, temos que dar o exemplo - não somente nas palavras, como muitos por aí. Vamos reverter o salário e as verbas de gabinete para as lutas sociais, os movimentos populares, de trabalhadores(as), da juventude, das mulheres e outros segmentos da sociedade que se organizam para combater a opressão, a exploração e a desigualdade.
Lorenzo Balen é professor e militante do PSol do Paraná