Pedageiras receberam R$ 9,9 bilhões por obras não realizadas
O documento enviado esta semana pela Agepar (Agência Reguladora do Paraná), em resposta a um pedido de informações protocolado ainda no ano passado pelo deputado Requião Filho, revela que a dívida do pedágio no Paraná é mesmo bilionária. O levantamento aponta o recebimento de R$ 9.930.366.468,74, em valores atualizados, de 1998 a 2020, por obras de duplicação que nunca foram realizadas.
É a TIR (Taxa Interna de Retorno), que se refere ao que os engenheiros chamam de “degrau de pista dupla”, um termo técnico relacionado ao nivelamento de alguns trechos que deveriam ter sido duplicados pelas concessionárias Econorte, Viapar, Ecocataratas, Caminhos do Paraná, Rodonorte e Ecovia.
Os cálculos foram feitos pelo DER, a pedido da Agepar, em 2020. Requião Filho pediu para ter acesso aos relatórios e, há mais de seis meses, aguardava o encaminhamento dos valores atualizados sobre esta diferença.
“Os relatórios indicavam valores bem expressivos, mas o valor total não havia sido disponibilizado. Agora, com os números em mãos, vamos cobrar que a Agepar tome providências urgentes! Não é possível admitir que o paranaense continue pagando por consecutivos reajustes, de uma tarifa que já é, por si só, ultrajante! É possível dizer até que, mesmo abrindo agora todas cancelas do pedágio, até o fim de alguns desses contratos, não será suficiente para cobrir esse valor do que elas receberam a mais".
Segundo o documento, o valor total cobrado a mais corresponde a 22,54% do total que foi arrecadado ao longo dos anos com a cobrança de pedágio nas rodovias paranaenses, que somou R$ 44 bilhões, em valores corrigidos até dezembro do ano passado.
“Cobraram a mais e, no fim, ainda vão sair devendo para o Estado! A gente não precisaria mais sequer estar pagando esse pedágio. A Agepar sabe disso há quase um ano, aliás, talvez esse valor devido não seja nem suficiente para cobrir o rombo”, alerta Requião Filho.
No fim do ano passado, a Agepar chegou a pedir a suspensão de reajustes até o fim dos contratos, mas recentemente foi contestada na justiça com ganho de liminar em favor das concessionárias. (Foto: Divulgação)