Energia solar é alternativa viável para o produtor rural
A energia solar tem se tornado uma alternativa interessante para os produtores rurais que desejam reduzir as despesas. A disponibilidade de novas linhas de crédito que facilitam a aquisição e a instalação de sistemas fotovoltaicos ajudou a ampliar esse mercado de acordo com levantamento feito pela Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná).
Segundo dados de 2020 da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), o setor rural responde por 13,2% da potência instalada no Brasil e os investimentos nas propriedades já passam de R$ 1,7 bilhão. Apenas no ano passado, a capacidade instalada de projetos solares saltou 64% em comparação a 2019, em boa medida por conta dos investimentos no campo. E para 2021, as projeções da Absolar apontam para mais um crescimento de 70%.
Este cenário vem favorecendo o surgimento de novas empresas do setor fotovoltaico, que voltam grande parte de sua atenção para o campo, onde os gastos com energia elétrica são altos e pesam significativamente no custo de produção. De acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o Brasil já possui 200 mil empresas de energia solar registradas.
DUAS OPÇÕES
Há duas formas de atender às demandas energéticas por sistemas fotovoltaicos: on-grid (sistema conectado à rede) e off-grid (sistema isolado). No primeiro caso, o consumidor produz a própria energia e gera crédito na concessionária local, tudo regulamentado pela Resolução Normativa 482/2012, da Aneel. O documento estabelece as condições gerais para o acesso à microgeração e minigeração de energias renováveis em sistemas conectados à rede e suas formas de compensação.
Segundo a resolução da Aneel, a microgeração é caracterizada por uma central geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 75 kW, enquanto a minigeração tem potência instalada superior a 75 kW e menor ou igual a três MW para fontes hídricas, ou menor ou igual a cinco MW para as demais fontes renováveis de energia elétrica, como a solar.
A geração distribuída no sistema fotovoltaico acontece quando há excedente de energia produzida dentro da propriedade rural. Neste caso, o excedente poderá ser injetado na rede de distribuição, gerando ao consumidor um crédito para uso nas faturas seguintes em forma de desconto ou em outras unidades consumidoras, desde que de mesma titularidade (CPF ou CNPJ) e dentro da área de concessão da mesma distribuidora de energia. Estes créditos têm validade de 60 meses.
CUSTO X BENEFÍCIO
O tempo de retorno de um investimento em sistema fotovoltaico depende do valor mensal da fatura da energia elétrica. Em uma análise publicada no Boletim Informativo 1510 da Faep, foram considerados diferentes cenários em relação ao consumo energético de duas atividades: avicultura e bovinocultura de leite.
Na avicultura, foi estimado um consumo mensal de dois galpões de 2.560 m² cada, com capacidade para alojar 66,5 mil aves e fatura mensal de energia de R$ 8.299, consumindo 21.279 kWh (considerando a tarifa de R$ 0,39 por kWh consumido). Na simulação, o tempo de retorno do investimento de R$ 1 milhão ficou de sete anos. A partir desse período, o saldo passa a ser positivo e crescente por mais 18 anos, considerando a durabilidade do equipamento de 25 anos.
Na bovinocultura de leite foram considerados 74 animais, sendo 60 em lactação, com fatura mensal de energia de R$ 1.189, consumindo uma média de 3.050 kWh. Na simulação apresentada, o tempo de retorno do investimento fechou em cinco anos. A partir desse período, o saldo passa a ser positivo e crescente por mais 20 anos, também considerando uma durabilidade de 25 anos.
LINHAS DE CRÉDITO
Para facilitar o investimento em um sistema solar, o financiamento já é uma opção competitiva aos interessados. Por isso, a Faep mapeou as principais linhas de crédito e instituições voltadas para o financiamento para projetos fotovoltaicos a fim de orientar os produtores paranaenses. São 41 linhas diferentes, de agentes público e privado, que estão disponíveis em uma planilha na seção Serviços, no site www.sistemafaep.org.br. As taxas mais baixas giram em torno de 4% e 6% ao ano. (Foto: Divulgação Faep)