Jovens mortos e mães castradas
Alceu A. Sperança
A Coreia do Sul sonha com a unificação à do Norte. Uma razão importante é a preocupação com a taxa de natalidade declinante no Sul mas ainda elevada ao Norte.
Apesar dos robôs que saem das fábricas, cabeças jovens para pensar e trabalhar são os sonhos humanistas das autoridades coreanas. Cabeças e braços que não surgem em linhas de montagem: requerem o amor dos pais, cuidados no lar e um Estado eficiente para cuidar de todos.
No Brasil, é uma tragédia tristíssima a enorme quantidade de cabeças jovens e braços fortes que o Brasil perde sem esses cuidados tão necessários. Pior: há matança de jovens e partidários da esterilização feminina em massa para que menos crianças e jovens brasileiros venham pensar e trabalhar no futuro.
Seremos um país envelhecido. Uma imensa massa de prejudicados em suas aposentadorias e jovens abatidos, perdemos os benefícios do bônus demográfico, já em vias de esgotamento.
Como "bandido bom é bandido morto", melhor que nem nasça: castrem as mulheres pobres! Sem nascer, não chegam à juventude. Nascendo sem educação, viram jovens, caem nos braços do tráfico, são chamados de "bandidos" e executados.
A mortandade de jovens e a desumana esterilização feminina são dois aspectos violentos da loucura que toma conta do Brasil, cujas autoridades são incapazes de gestar soluções.
É loucura o Brasil perder cerca de R$ 550 mil a cada assassinato de jovem entre 13 e 25 anos: em 20 anos, segundo a Secretaria de Assuntos Estratégicos, a nação teve um prejuízo acumulado superior a R$ 450 bilhões.
É incalculável a fortuna que se perderá com jovens assassinados e mães com os úteros ameaçados de criminosa esterilização. No fundo, estamos mais divididos que as Coreias.
Alceu A. Sperança é escritor e jornalista - alceusperanca@ig.com.br